terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Geddel faz festa com Temer

Samuel Celestino

O PMDB sobrou no Congresso e a partir de ontem comanda as duas casas – Senado e Câmara dos Deputados – fato raro, mas que expõe a musculatura política do partido. No Senado, José Sarney obteve 49 votos contra 32 de Tião Viana, do PT, e, na Câmara, o deputado Michel Temer, que poderia ser afetado pela vitória de Sarney, refletindo na Câmara para que a legenda não ficasse tão forte, deu um banho em primeiro turno com 304 votos (só necessitava de 257), contra 129 votos de Ciro Nogueira, moderno chefe do “baixo clero”, e apenas 79 do ex-presidente Aldo Rebelo, que integra o PCdoB.

Não surpreende o que aconteceu. Quando entrou na disputa, Sarney sabia que venceria. Se alguma dúvida tivesse não seria candidato e Michel Temer, que também já foi presidente da Câmara, tem amplo trânsito entre os parlamentares. Surgiu apenas um pequeno temor a partir da crítica de que fugiria às tradições com o mesmo partido controlando as duas casas do Congresso.

A festa que não fez em relação à eleição da Assembléia Legislativa, até porque não lançou chapa, mas não desejava a reeleição do deputado Marcelo Nilo (notas abaixo), o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, realizou ontem com a vitória de Temer. Os dois sempre foram muito unidos e caminharam juntos, construindo uma forte corrente no PMDB. São interlocutores constantes. O curioso é que a corrente dos dois se distancia da comandada por José Sarney, embora se entendam nos momentos necessários.

Também curiosamente, o presidente Lula, em conseqüência do lançamento de José Sarney no Senado, passou a se preocupar com Temer e, até, destacou o seu ministro de Articulação Institucional, o pernambucano José Múcio, para realizar um trabalho de fortalecimento do peemedebista na Câmara.

As duas vitórias do partido são, de igual modo, do presidente Lula que tem a legenda como aliada e irá dela necessitar para fortalecer a candidatura de Dilma Rousseff que, sabem os petistas, não é fácil de carregar. No último fim de semana, Geddel se articulou mais com o PMDB nacional do que com os deputados da sua bancada da Assembléia Legislativo, ao ponto de não lançar candidatos à Mesa, a não ser Leur Lomanto Júnior, que perdeu feio, mas na condição de candidato avulso.

Enfim, ao vencer na Câmara e no Senado, o PMDB ganhou um novo peso na política nacional. Na Câmara, Temer teve o apoio de nada menos que 14 partidos e sua sustentabilidade aconteceu a partir do partido do parlamentar e do PT, que, ao respaldá-lo, cumpriu o acordo que levou, há dois anos, Arlindo Chinaglia á presidência da instituição. Aliás, ontem, no seu discurso de despedida, Chinaglia não somente se desculpou com os deputados pelas decisões duras que tomou na presidência, como também se embaraçou com as lágrimas e a voz embargada em diversos momentos da sua fala.

Nenhum comentário:

Postar um comentário